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Mude de Cargo sem Mudar de Cargo

  • Foto do escritor: Calebe Luo, ACC (ICF)
    Calebe Luo, ACC (ICF)
  • há 4 dias
  • 5 min de leitura
Dois adultos em trajes de negócios, sorrindo em uma mesa, com partículas de luz mágica. Ambiente elegante e janela ao fundo.

A cena é clássica. O sol se põe no domingo, a música do programa televisivo começa a tocar e uma nuvem cinzenta paira no ar. É a famosa "angústia de domingo", um sintoma de que a semana de trabalho que se aproxima parece mais um fardo do que uma oportunidade. A resposta automática para esse sentimento? "Preciso de um novo emprego."


Mas e se essa corrida para o próximo crachá for uma fuga, e não uma solução? E se a verdadeira transformação não estiver em um novo endereço, mas em uma nova arquitetura? E se eu lhe dissesse que é possível, sim, mudar de cargo sem mudar de cargo?


Esta não é uma frase de efeito. É uma estratégia. Um poderoso cruzamento entre a pesquisa da Gallup, os insights da Psicologia Positiva, as descobertas da Neurociência e as ferramentas práticas do Design Thinking nos deu o mapa. Ele nos ensina a parar de lutar contra nossas fraquezas e a começar a redesenhar nosso trabalho em torno de nossos superpoderes naturais.


Este é um guia para promover a si mesmo para uma nova função, sem precisar pedir a bênção de ninguém.



Pilar 1: A Descoberta — Onde Sua Energia Mora (A Lente da Gallup)


Por décadas, fomos ensinados a focar em nossos pontos fracos. O resultado? Gastamos uma energia monumental para, na melhor das hipóteses, nos tornarmos medianos em algo que não gostamos. A Gallup, com sua pesquisa em mais de 100 países, inverteu essa lógica perigosa.


  • Talento vs. Ponto Forte: Talento é seu padrão natural de pensar, sentir e se comportar. Ponto Forte é o resultado de investir nesse talento com conhecimento e prática, gerando um desempenho quase perfeito e consistente.

  • A Matemática do Engajamento: A pesquisa da Gallup é conclusiva: profissionais que usam seus pontos fortes todos os dias são até seis vezes mais engajados em seus trabalhos.


Pense nisso como escrever com a mão dominante versus a não dominante. Você pode escrever com a outra mão, mas o resultado é lento, desajeitado e mentalmente exaustivo. Operar a partir de suas fraquezas tem o mesmo efeito.


Veja o caso do advogado Bruno Zaramello, que até pensou em recomeçar do zero em outra profissão após chegar no esgotamento...



O primeiro passo para essa "mudança de cargo interna" é, portanto, identificar onde sua energia flui naturalmente. É seu talento para conectar ideias (Estratégico)? Para entender cada pessoa como um indivíduo único (Individualização)? Para construir pontes entre pessoas (Conexão)? Saber isso é o seu ponto de partida.



Pilar 2: A Ciência por Trás do Brilho nos Olhos - O Poder da Psicologia Positiva


Se a Gallup nos mostra o quê, a Psicologia Positiva nos mostra por quê. Martin Seligman, o pai deste campo, demonstrou que a felicidade genuína (ou "florescimento") não é acidental. Ela é construída sobre cinco pilares (modelo PERMA), e usar seus pontos fortes alimenta diretamente cada um deles:


  1. Engajamento (Flow): Sabe quando você está tão imerso em uma tarefa que o tempo voa? Esse é o estado de Flow. É o ápice do engajamento e acontece quando suas altas habilidades encontram um desafio à altura — um cenário perfeito para quando você está usando seus pontos fortes.

  2. Realização (Accomplishment): O sucesso gera sucesso. Ao operar em sua zona de genialidade, você alcança pequenas e grandes vitórias. Cada uma delas libera uma sensação de maestria e orgulho, criando um ciclo virtuoso.

  3. Significado (Meaning): Quando você aplica seus talentos únicos para contribuir com algo maior, seu trabalho transcende a lista de tarefas e ganha um propósito profundo.


A realização profissional não é um prêmio de loteria. Ela é o resultado de um trabalho intencionalmente desenhado para maximizar esses estados.



Pilar 3: Seu Cérebro em Modo "Ponto Forte" — Uma Lição da Neurociência


A neurociência vem para carimbar a validade biológica dessa abordagem. Não se trata apenas de "se sentir bem", mas de como nosso cérebro é fisicamente programado.


  • Neuroplasticidade Eficiente: "Neurônios que disparam juntos, permanecem conectados." Quanto mais você usa um talento, mais fortes e eficientes se tornam as vias neurais para essa atividade. É a diferença entre descer uma ladeira pavimentada (usar um ponto forte) e escalar uma colina lamacenta (usar uma fraqueza).

  • O Ciclo da Dopamina: Ao usar seus pontos fortes e ter sucesso, seu cérebro libera dopamina, o neurotransmissor da motivação. Isso cria um desejo químico de repetir a ação. É, literalmente, a neuroquímica do Brilho nos Olhos.

  • Menos Carga Cognitiva: Lutar contra uma fraqueza exige um esforço hercúleo do córtex pré-frontal (o "CEO" do cérebro), levando à exaustão. Usar seus talentos é mais automático e consome menos energia.


Tudo isso torna seu processo de aprendizagem e desenvolvimento de maestria mais fluido e recompensador.


Pilar 4: Mãos à Obra — Primeiros Passos para Mudar de Cargo Sem Mudar de Cargo

Ok, a teoria é linda. Mas como, exatamente, se "muda de cargo" na prática? É aqui que entram Bill Burnett e Dave Evans com o Design Thinking, com sua metodologia "Designing Your Work Life".

A premissa é simples: não adivinhe o futuro, construa-o.


  1. Adote a Mentalidade de um Designer: Abandone a ideia de que você precisa "descobrir sua paixão". Em vez disso, adote a curiosidade e um viés para a ação. A principal ferramenta é o reenquadramento (reframing): o problema não é "meu emprego é ruim", mas sim "Como posso redesenhar meu trabalho para que ele se pareça mais com o cargo que eu quero ter?".

  2. Crie seu "Diário do Bom Momento": Por uma ou duas semanas, anote suas atividades diárias e avalie seu nível de Engajamento e de Energia. Este mapa de calor é a sua mina de ouro. Ele mostrará exatamente onde seu "novo cargo" já existe em pequenas doses e onde o "cargo antigo" está drenando sua vida.

  3. Construa Protótipos (A Execução do Job Crafting): Um designer não cria o produto final de uma vez. Ele constrói protótipos. Este processo, conhecido como Job Crafting, é a sua ferramenta para, efetivamente, esculpir um novo cargo para si mesmo, usando as peças do seu cargo atual.



A Conclusão do Paradoxo


Mudar de cargo sem mudar de cargo, então, não é um truque de mágica. É um ato de design. É sobre perceber que seu cargo não é uma caixa de aço, mas um conjunto de blocos de Lego que você pode, em grande parte, rearranjar.


Os pontos fortes (Pilares 1, 2 e 3) são seus blocos fundamentais. O Design Thinking (Pilar 4) é o manual de instruções que te ensina a construir algo novo e empolgante com eles.

Ao adotar essa abordagem, você para de reagir e começa a criar. Você se promove para o cargo de Arquiteto da Sua Própria Realização Profissional. E esse é um cargo do qual você nunca mais vai querer sair.


E você, qual pequeno protótipo você pode iniciar esta semana para começar a construir seu novo cargo?


Sobre o autor


Calebe Luo (o "Ninja dos Pontos Fortes") é um evangelista ativo e multiplicador da cultura de Pontos Fortes no Brasil desde 2016. Foi escolhido como Top Voice no LinkedIn em 2024. Além disso, está empreendendo nas startups Aitobots e Dr. Métricas, buscando alavancar a I.A. para desenvolvimento humano e de negócios.


Calebe deixou uma carreira bem-sucedida em bancos para seguir seu chamado de desenvolver pessoas. Fundou a Kenshin Coaching e participou da primeira formação Gallup no Brasil. De aluno passou a ser mestre.


É trainer, mentor e coach de indivíduos e equipes. Mais de 4.000 pessoas já passaram por suas palestras, workshops ou atendimentos individuais. Ele é fã Disney, Marvel, mangás e cultura geek, marido da Flávia e pai de 3 crianças talentosas.

Referências


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