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Foto do escritorCalebe Luo, ACC (ICF)

Minha Mãe, uma mulher forte

Atualizado: 12 de mai. de 2019


Sou privilegiado por ter sido criado por uma mulher forte.


Minha mãe começou a trabalhar aos 19 anos como telefonista numa empresa de aviação. Imigrante, conseguiu o emprego por falar inglês. Progrediu na carreira e depois trabalhou no check-in e em vendas. Já era independente financeiramente antes de se casar.


Uma mulher à frente de seu tempo, teve que descobrir como se manter firme e ser respeitada no ambiente corporativo, dominado por homens.


Antes de eu nascer, diziam que ela abandonaria os filhos. Mas, uma vez mãe, ela escolheu família em primeiro lugar, e foi honrada por isso.


Imagino que não tenha sido fácil, pois lembro dela trabalhando em casa, hoje chamamos isso de home office, na época não tinha celular nem internet.

Ela vendia passagens aéreas e fazia reservas de viagens, enquanto cuidava de mim. Falava ao telefone, me levava no aeroporto de Congonhas. Eu era conhecido lá como Fei-Ti (avião em mandarim), pois eu ficava falando Fei-Ti toda vez que via uma decolagem ou aterrisagem na pista. Como gostava de me pesar nas balanças de bagagem no check-in!


Anos depois, recebeu uma proposta de emprego numa empresa do setor alimentício. Iniciou como assistente executiva, depois assumiu a gerência de compras. Trabalhou em meio-período para poder cuidar de mim e da minha irmã. Levava trabalho pra casa, continuava trabalhando enquanto nos acompanhava na natação ou cursos extra-curriculares. Defendeu meus direitos para que eu pudesse ser aceito num colégio alemão. Em sua última etapa na carreira, antes de se aposentar, ela era responsável por toda a produção e logística da empresa, com mais de uma centena de pessoas sob sua gestão.


Nunca baixou a cabeça por alguém ser homem ou pelo status. Usava da argumentação lógica e sua velocidade e precisão nos cálculos matemáticos para discutir os assuntos. Raramente se atrasava, mantinha-se atualizada com as notícias e novidades do mercado (e continua assim).


É respeitada por sua integridade, compaixão e coragem. Deu oportunidade para operários estudarem para terem chance de competirem no mercado de trabalho. Deu aulas de inglês em grupo, antes do turno da manhã, para funcionários não terem medo de aprender um segundo idioma. Reduziu seu próprio salário num momento de crise da companhia.


Minha mãe ensinou liderança pelo exemplo. Arrumava sua escrivaninha todo mês, sabendo que nada era dela e que poderia ser desligada por qualquer motivo que fosse. Buscava a sabedoria de Deus para tomar decisões. Conheceu Jesus e se libertou dos problemas do passado. Ela sabe cultivar relacionamentos de longo prazo, tanto profissionais quanto pessoais, tem credibilidade e reputação.


Era chamada de Dona Julie por todos. Mas, para mim, era e é apenas minha mãe, aquela que sempre torce ao meu lado, que quer saber tudo o que acontece comigo, que faz perguntas difíceis e cuida dos detalhes. Não tem mimimi, sempre um sorriso no rosto, apesar das lutas e dificuldades.


Ela me treinou desde cedo a entender os meandros da política corporativa e das dinâmicas de poder, compartilhando seus aprendizados.


Ensinou pra mim a importância da inteligência emocional. Aos 15 anos me inscreveu em cursos sobre comunicação e PNL.

"Educação dos filhos é investimento", minha mãe sempre diz.

Ela é uma das responsáveis por eu ser o homem que sou hoje, e sou grato por isso.


Nesse Dia Internacional da Mulher, que possamos reconhecer, honrar e respeitar as mulheres que nos cercam.


Todo dia é dia da mulher.


E você, quais mulheres fortes influenciaram a sua vida?


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